Quem sou eu

Talita Stamato, radialista, sonoplasta, criadora de spots comerciais. Adora ler livros de (quase) todos os gêneros, enquanto se mata nos metrôs e ônibus da vida. Tatiane Duarte, radialista, produtora de tv, alucinada por histórias sobre coisas sobrenaturais e sem o menor sentido, seja em forma de livro ou filmes.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ficção e Realidade



Huuum, as vezes é TÃO bom se afundar nas histórias e se esquecer da Estação Sé completamente lotada, o salário que não dura até o final do mês, o stress da convivência em família, os anseios e os medos de uma mudança radical na vida.

Hoje parei e pensei: sempre procuramos uma fuga.

Acho não, tenho certeza que você às vezes quer se tranportar para São Francisco e viver as estórias que o Grissom encabeça na divisão do CSI, ou ter um contato imediato com seres extraterrestres, até mesmo virar a “Ana Carolina” de Ermelino Matarazzo, ter poderes mágicos e voar em vassouras ou ainda viver no século XVI e quem sabe ter conflitos familiares por conta de uma grande paixão.

Parece que a ficção é sempre mais bonita, mais bem resolvida, enfim, melhor do que a nossa realidade.

E desde que o mundo é mundo, os seres humanos precisam de mitos, do sobrenatural, da ficção.

Ahhh! Mas vamos combinar, né, como é gostoso não sentir a hora passar, o trânsito cadenciar, quando nossa mente está ocupada com algo que nos faz bem.

Mas logo depois vem a depressão: o carro não anda, a pia tá cheia de louça, o metrô tá lotado, a sogra tá gritando, a conta tá negativa... e voltamos a cruel REALIDADE.



Adoro esse trecho do livro “Primo Basílio- Eça de Queiroz”.

“(...) tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades,
e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas,
como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;
sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,
onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”