Quem sou eu

Talita Stamato, radialista, sonoplasta, criadora de spots comerciais. Adora ler livros de (quase) todos os gêneros, enquanto se mata nos metrôs e ônibus da vida. Tatiane Duarte, radialista, produtora de tv, alucinada por histórias sobre coisas sobrenaturais e sem o menor sentido, seja em forma de livro ou filmes.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Reflexão

Fui dormir nada bem... Acordei ainda pior. 
Quando cheguei no trabalho, me deparei com essa crônica de Luiz Fernando Veríssimo. Acredito nas palavras deste texto. Não porque eu "me acho" ou que acredito que nós mulheres somos superiores, qualquer coisa desse tipo.
Eu penso, realmente acredito que temos muito mais questões internas e conflitos do que os outros imaginam. Só uma outra mulher entende uma mulher. Parando pra refletir e seguir a linha da crônica, o nosso problema deve ser o eterno conflito entre o carnal e o divino... e sinceramente acho que faz sentido.



"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?
E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?
E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...
O sexto-sentido não faz sentido!
É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!
E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...
Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?
Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...
É choro feminino. É choro de mulher...
Já viram como as mulheres conversam com os olhos?
Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?
Elas conhecem todos...
Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.
EN-FEI-TI-ÇAM !
E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...
Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento
que os faz dormir nessa hora."

Luís Fernando Veríssimo







Tatiane Duarte

quarta-feira, 23 de março de 2011

Huum...

Esse é um trecho de um livro que eu gosto muito, que de tempos em tempos eu releio. Sempre que pego o livro na mão e começo a ler, tenho uma interpretação ainda mais profunda, parece que ele se abre ainda mais pra mim com o passar do tempo, dos anos... Essa é uma das partes que eu mais gosto (fora a parte do chapéu ou jibóia, rsrs)






(...)

O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante….
- Bom dia – disse o príncipe.
- Bom dia – disse a flor.
- Onde estão os homens? – Perguntou ele educadamente.
A flor, um dia, vira passar uma caravana:
- Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.
-Adeus – disse o principezinho.
-Adeus – disse a flor.
O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. “De uma montanha tão alta como esta”, pensava ele, “verei todo o planeta e todos os homens…” Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.
- Bom dia! – disse ele ao léu.
- Bom dia… bom dia… bom dia… – respondeu o eco.
- Quem és tu? – perguntou o principezinho.
- Quem és tu… quem és tu… quem és tu… – respondeu o eco.
- Sejam meus amigos, eu estou só… – disse ele.
- Estou só… estou só… estou só… – respondeu o eco.
“Que planeta engraçado!”, pensou então. “É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz… No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro.”
Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.
- Bom dia! – disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Bom dia! – disseram as rosas.
Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.
- Quem sois? – perguntou ele espantado.
- Somos as rosas – responderam elas.
- Ah! – exclamou o principezinho…
E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
“Ela teria se envergonhado”, pensou ele, “se visse isto… Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade…”
Depois, refletiu ainda: “Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso…”
E, deitado na relva, ele chorou.
Então a raposa apareceu.
-Bom dia.-disse a raposa.
-Bom dia.- respondeu educadamente o Pequeno Príncipe.
-Quem és tu? És tão bonita de se olhar.
-Eu sou uma raposa., disse a raposa.
-Vem brincar comigo., propôs o Pequeno Príncipe.
-Eu estou tão triste.
-Não posso brincar contigo., disse a raposa.
- Eu não estou cativada.
- O que significada isso ? cativar?
-É uma coisa que as pessoas frequentemente negligenciam,- disse a raposa.
-Significa criar laços.
-Sim.- disse a raposa.
-Para mim és apenas um menininho e eu não tenho necessidade de ti. E tu por sua vez, não tens nenhuma necessidade de mim. Para ti eu não sou nada mais do que uma raposa, mas se tu me cativares então nós precisaremos um do outro.- A raposa olhou fixamente para o Pequeno Príncipe durante muito tempo e disse:
-Por favor cativa-me.
-O que eu devo fazer para te cativar?- perguntou o Pequeno Príncipe.
-Deves ser muito paciente.- disse a raposa. 
-Primeiro vais sentar-te a uma pequena distância de mim e não vais dizer nada. Palavras são uma fonte de desentendimento. Mas sentar-te-ás um pouco mais perto de mim todos os dias.
No dia seguinte o Príncipezinho voltou.
-Teria sido melhor voltares à mesma hora.-disse a raposa.
-Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz. Ás quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens por exemplo a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso criar rituais.
Então o Pequeno Príncipe cativou a raposa.
Quando chegou a hora da partida dele:
-Oh!- disse a raposa. -Eu vou chorar.
-A culpa é tua .- disse o Pequeno Príncipe.
- Tu mesma quiseste que eu te cativasse....
-Adeus.- disse o Pequeno Príncipe.
-Adeus.- disse a raposa.
-Agora vou contar-te um segredo: Nós só podemos ver perfeitamente com o coração; o que é essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas tu não deve esquecê-la. Tu tornas-te eternamente responsável por tudo aquilo que cativas.
(...)

O Pequeno Príncipe - Antoine De Saint-Exupery
Tatiane Duarte

quarta-feira, 2 de março de 2011

Desejos...



Então decidi postar algo mais leve e ilustrar "coisinhas" que eu e Talita pensamos, desejamos, queremos, quando estamos no metrô lotado, na Sé... Acredito que a ilusão de um dia conseguir pelo menos uma dessas coisas, tem o poder de não deixar que a gente mate um ou se jogue no trilho mesmo... rsrsrsrs



Uma casa de campo...


Há! Trabalhar na Globo...

 Putz!!! Comprar um Iphone, mas o de verdade, né! Ching-ling não vale...


Ah! Conhecer os vinhedos na Itália...


Ter uma Santa Fé...


Visitar Paris...


Visitar Paris e comprar uma Louis Vuitton...


Tá bem, tá bem... é tudo muito grandioso... entendo. Então, seremos um pouco mais "humildes" e :


Um buquet de rosas ou uma rosa só. Maravilhoso..


Um bom perfume...


Uma passadinha em Campos do Jordão...


Um jantar bem gostoso...


Pensamos tudo isso no nosso trajeto... mas acordamos quando um "abençoado" do lado empurra a gente, eu quase caio, a Talita quase perde a bolsa, as portas se fecham e o metrô se vai... junto com os nossos devaneios... e aí...


A gente se convence que um desses já estava de bom tamanho!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

Feridas

A arma mais poderosa- Paulo Coelho
De todas as poderosas armas de destruição que o homem foi capaz de inventar, a mais terrível – e a mais covarde – é a palavra.
Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue.
Bombas abalam edifícios e ruas. Venenos terminam sendo detectados.
Mas a palavra destruidora consegue despertar o Mal sem deixar pistas. Crianças são condicionadas durante anos pelos pais, artistas são impiedosamente criticados, mulheres são sistematicamente massacradas por comentários de seus maridos, fiéis são mantidos longe da religião por aqueles que se julgam capazes de interpretar a voz de Deus.
Procure ver se você está utilizando esta arma. Procure ver se estão utilizando esta arma em você. E não permita nenhuma destas duas coisas.

 

Ao ler esse texto do Paulo Coelho, me lembrei que Papai e Mamãe me educaram com a seguinte máxima: "a língua é o chicote do corpo". E é mesmo. Se você bater, empurrar, não dói tanto como uma palavra proferida para machucar, diminuir, denegrir. O soco, o corpo dolorido, uma hora passa, mas a  palavra proferida, nunca será esquecida, pode acreditar.

E não é só a questão da lei da ação e reação, onde tudo o que fazemos neste mundo volta pra gente, mas a palavra é realmente uma arma. Com ela a gente não só magoa, troca farpas, ouve e diz coisas horríveis, mas produzimos marcas profundas que dificilmente cicatrizarão. E que ficam pro resto da vida. 




Tatiane Duarte