Fui pra faculdade, me matei de estudar e lá me contaram uma dúzia de mentiras. Me disseram que quando eu saísse de lá, formada, eu teria um bom emprego, ganharia bem e seria reconhecida como profissional , por conta de um DRT que tirei.
Que mentira!!!
Saí sem emprego, pois o meu estágio na época acabou junto com o estudo, tive que arrumar um emprego fora da área para pagar as contas. Fui e tirei o tal do DRT. Não mudou porcaria nenhuma...
Lutei, mandei currículos para lugares que eu nem imaginava que existia, tentei contatos antigos, tudo isso... fui trabalhar em loja de shopping , quase enlouqueci!!! Era difícil o mundo entender que eu estudei e não foi pra aquilo? Tanto me estressei com tudo, gritei, que chegou um momento que desisti de brigar, deixei o barco correr.
Depois de dois anos, consegui um emprego na área. Trabalho com produção. Meu salário tem a mesma proporção do respeito e admiração que as pessoas tem pela minha profissão. Já a maioria dos meus ex-coleguinhas de classe, estão trabalhando como vendedores de alguma loja, em bancos, call- centers e afins.
Tudo bem, tudo bem...
No fundo, eu sabia que seria assim, aliás, já tinham tentado me persuadir de ser outra coisa na vida, menos radialista. Meu pai mesmo, quando eu tinha 16 anos, e disse pra ele o que eu queria fazer, mesmo sem explicar direito. Ele tentou. Disse para ele:
- Pai, quero escrever o que o cara tá falando no rádio, entende? ( e o meu ídolo Domênico Gatto falava naquela caixinha preta, sobre uma promoção da rádio).
E ele me respondeu:
- Minha filha, você quer trabalhar com áudio, faz engenharia de som, algo assim. Rádio não dá futuro.
E eu tentei argumentar:
- Mas pai, é o que eu quero fazer, eu quero trabalhar no rádio.
Mas ele ainda tentou a última súplica:
- Minha filha, pelo amor de Deus, pense, você vai morrer de fome!!!
E eu, na minha grande burrice e arrogância "adolescentica":
- Não mais que o senhor, meu pai, que fez faculdade, mas adora correr atrás de ladrão.
Sentenciou aí, o final da conversa.
Tatiane Duarte
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