Quem sou eu

Talita Stamato, radialista, sonoplasta, criadora de spots comerciais. Adora ler livros de (quase) todos os gêneros, enquanto se mata nos metrôs e ônibus da vida. Tatiane Duarte, radialista, produtora de tv, alucinada por histórias sobre coisas sobrenaturais e sem o menor sentido, seja em forma de livro ou filmes.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pára e pensa...

Depois do Post sobre a música do pente, minutos antes da prova de Jornalismo OnLine, eu e meus caros colegas de sala: Alexia, Antônio, Thiago, Júlio e Priscila paramos para analisar as músicas que infestaram nossa infância.
E claro, como não poderia ser diferente, começamos a analisar o repertório da banda mais irreverente e engraçada dos últimos 15 anos: Mamonas Assassinas. Lembramos que tínhamos fitas k-7 (se lembram do que eram k-7s?rs) deles e em toda festinha de criança tocava o o set list inteiro. Tudo bem que até hoje, em qualquer festa de aniversário, formatura, casamento que se preze tem que tocar Mamonas.

Enfim, paramos e analisamos a letra das músicas, e claro, ficamos pasmos. Aqueles versos eram pura sacanagem, gente do céu!!! E era explicito mas ninguém se ligava, ou se se ligava, não falava... ficamos passados!!!

Depois de declamar as músicas e fazer a prova, comecei a pensar sobre o assunto e analisar cada estrofe das minhas canções favoritas. Vou começar pelo Vira- vira:

“Fui convidado pra uma tal de suruba,
Não pude ir, Maria foi no meu lugar
Depois de uma semana ela voltou pra casa,
Toda arregaçada não podia nem sentar.
Quando vi aquilo fiquei assustado,
Maria chorando começou a me explicar.
Dai então eu fiquei aliviado,
E dei graças a Deus porque ela foi no meu lugar
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda,
E ainda não comi ninguém!”

Ok! Você tinha uns 8 , 11 anos, pulava e cantava enlouquecidamente que Manoel foi convidado para uma suruba, não foi, mandou a Maria que chegou de lá todo arregaçada, sem um dos peitos, e o pior, Manoel reclama que além de levar uma mão boba no bumbum não lanchou ninguém...

Mais uma: Mundo Animal:

"Comer tatu é bom
Que pena que dá dor nas costas
Porque o bicho é baixinho
E é por isso que eu prefiro as cabritas
As cabrita tem seios
Que alimentam os seus descendentes
No mundo animal
'ixéste' muita putaria
Por exemplo, os cachorro
Que come a própria mãe,
Sua irmã e suas tias
Eles ficam grudados
De quatro se amando
Em plena luz do dia."

Eu pensava que ele comia Tatu-Bola, comia mesmo, sabe, colocando na boca e mastigando e dava dor nas costas porque o tatu é pequeno e anda no chão... tsc tsc... e ele prefere os seios das cabritas e ainda filosofa sobre os cachorros que tem relações com irmã, tia, avó, prima e não tem hora e nem lugar pra isso. Além de falar sobre como é “pesado” o sexo dos elefantes... e as crianças cantavam sem entender nenhum desses versos... é uma coisa maluca...

E claro, na minha humilde opinião, a pérola do grupo , a música visionária, que já era contra os preconceitos: Robocop Gay: (essa merece ser inteira)

Um tanto quanto másculo
Ai, e com M maiúsculo
Vejam só os meus músculos
Que com amor cultivei
Minha pistola é de plástico (quero chupar-pa)
Em formato cilíndrico (quero chupar-pa)
Sempre me chamam de cínico (quero chupaar...)
Mas o porquê eu não sei (quero chupar-pa)

Sim, os back vocals cantavam que ele QUER CHUPAAAAAAARRRR!!! Vamos acompanhar:

O meu bumbum era flácido
Mas esse assunto é tão místico
Devido a um ato cirúrgico
Hoje eu me transformei
O meu andar é erótico (silicone yeah! yeah!)
Com movimentos atômicos (silicone yeah! yeah!)
Sou um amante robótico (silicone yeeah...)
Com direito a replay (silicone yeah!)

O personagem não era somente homossexual, ele era transexual, ele fez várias intervenções cirúrgicas para se transformar...

Um ser humano fantástico
Com poderes titânicos
Foi um moreno simpático
Por quem me apaixonei
E hoje estou tão eufórico (doce, doce, amor)
Com mil pedaços biônicos (doce, doce, Amor)
Ontem eu era católico (doce, doce, amoor...)
Ai, hoje eu sou um GAY!!!

A paixão aflorou, ele se abriu para o mundo.

Agora vem a lição:

Abra sua mente
Gay também é gente
Baiano fala "oxente"
E come vatapá
Você pode ser gótico
Ser punk ou skinhead
Tem gay que é Mohamed
Tentando camuflar:
Allah, meu bom Allah!
Faça bem a barba
Arranque seu bigode
Gaúcho também pode
Não tem que disfarçar

Vejamos aí que eles realmente eram visionários como disse anteriormente, eles já eram contra a homofobia, eram a favor de cada um serem o que quiserem, que ser “gay” não é doença, é uma opção, assim como ser gótico, skinhed, enfim...
E óbvio que tem muito cara que se coloca como homofóbico e na verdade é enrustido...

Faça uma plástica
Aí entre na ginástica
Boneca cibernética
Um robocop gay...
Um robocop gay,
Um robocop gay.
Ai... eu sei,
Eu sei
Meu robocop gay...

Se liberte!!! Seja o que quiser!!! Essa é a moral !!!

Qual a diferença entre esse tipo de música que enlouqueceu o Brasil em 1995 e os funks que comentei no post anterior?
Acredito que o Mamonas era explícito, mas não era agressivo, havia graça e irreverência, sem violentar aqueles que cantavam e ouviam (cantam e ouvem até hoje), diferente de algumas canções que temos hoje em dia que no meu ponto de vista tem a pura intenção de machucar os ouvidos, de agredir quem escuta, de ser impetuoso.
Já disse, liberdade de expressão é tudo, nunca serei a favor de qualquer outra posição, porém, hoje mais do que outro momento de nossa sociedade, as pessoas estão confundindo liberdade com libertinagem.

 Tatiane Duarte

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